Uma dúvida frequente, que aparece na comunidade, diz respeito ao tipo de obra que está sendo realizada na Matriz. Afinal, é uma reforma ou um restauro? Essa dúvida é comum, visto que no Brasil a cultura do restauro é muito recente e acaba sendo fortemente associada a uma simples reforma.
Mas, o que é o restauro? O restauro é uma intervenção em um bem histórico e/ou artístico, que tem como objetivo manter a sua autenticidade e os seus aspectos característicos da época em que foi construído. Nele, busca-se restabelecer o mais próximo possível a obra original e, ao mesmo tempo, deixar aparente os efeitos do tempo sobre a obra. No trabalho de restauro, muitos estudos são feitos para analisar e entender as técnicas originalmente utilizadas na obra para que, assim, a intervenção possa ter assimilação com os materiais e estilos construtivos originais da edificação, assegurando o seu valor histórico. Na restauração, é importante que se possa notar que houve uma intervenção, a fim de que não seja confundida com a obra original.
Portanto, as intervenções que vem sendo realizadas em nossa Igreja Matriz são de caráter restaurativo - de alta qualidade e completo -, resgatando todos os detalhes da construção.
Nesse processo, fotografias antigas possuem papel fundamental de resgate. Com elas, a equipe de restauradores consegue informações importantes a respeito do passado e das intervenções que a igreja sofreu ao longo dos anos. Em alguns pontos de nossa Igreja, existem mais de 6 camadas de pintura. Com os métodos de remoção dessas camadas, estamos voltando às origens, descobrindo elementos até então desconhecidos por grande parte da comunidade. Por isso, fica o pedido à comunidade para que traga à Igreja fotos antigas, de casamentos, batizados, celebrações eucarísticas e festividades, visando o auxílio nesse processo.
O estuque e os cupins
Com o avanço das obras, e a segurança que a nova estrutura do telhado trouxe, a equipe parte agora para o resgate do forro de estuque, técnica que consiste no uso da mistura de gesso, água e cal, aplicados à uma estrutura de madeira, em ambas as faces, como uma espécie de sanduíche. Na face interna à igreja, o estuque é alisado para receber as pinturas decorativas.
A madeira usada no estuque já está muito comprometida, devido, sobretudo, à ação de cupins e brocas. Além disso, o clima de Curitiba é muito favorável à proliferação desses insetos. Outro fator que gerou grande perda foi a infiltração de água que, aliado às grandes variações de temperatura da cidade, acelerou o processo de apodrecimento das madeiras.
A nave da lateral esquerda sofreu mais com as ações do tempo devido à sua orientação: o sol da tarde, principalmente no verão, incide diretamente nesse lado da igreja, aumentando a variação de temperatura: em medições realizadas pela equipe, há variação de até 30°C em um mesmo dia. Portanto, é comum vermos partes do telhado abertas. É a única maneira de acesso à boa parte da estrutura do forro das naves laterais.
Pintura Externa
Além do trabalho restaurativo do estuque e das pinturas internas, a pintura externa apresentou grandes avanços nas últimas semanas. O trabalho é desenvolvido com tintas específicas para obras de patrimônio histórico, que não prejudicam outros elementos artísticos e construtivos.