DIÁCONO DARCI LONGHI
Darci Luiz Longhi nasceu no dia 03 de dezembro de 1946, no município de Vacaria (RS). Desde 1966, mora em Curitiba e é formado em administração de empresas e em Administração e Economia. Em 1973, casou-se com Iolanda e construiu sua família: um casal de filhos, duas netas e um neto. Em entrevista à Pastoral da Comunicação, ele contou como começou no diaconato.
PASCOM - Como surgiu a sua vocação?
Diác. Darci - Em 1986, após um assalto seguido de sequestro, senti a fragilidade da vida nas mãos de profissionais do crime, onde minha família e eu passamos por momentos angustiantes. Ainda traumatizados, convidaram-nos, minha esposa e eu, a participarmos de um encontro de casais do Movimento de Irmãos, o de nº 167, que nos propiciou nos integrarmos à comunidade e o Pe. Natal (Natalzinho), Pároco na época, pediu-me que me dedicasse a comunidade de Monte Bérico e lá atuei por 16 anos. Em 1993, Pe. Max (Maximiliano) comentou que estavam ventilando a ideia da Escola Diaconal na Arquidiocese, e sugeriu-me que participasse, já que estava tão envolvido com a liturgia e a vida da Capela e seria para ele e Pe. Romano um auxílio. Fomos conversar com Diácono Lando, que era um dos mentores dessa ideia juntamente com Dom Pedro Fedalto, mas nesse ano nada aconteceu, pois havia muita resistência por parte do clero. Em meados de 1994, num final de tarde, Pe. Romano Bevilaqua, ligou-me e disse que estava indo até a Cúria para levar minha inscrição para a escola, pois era o último dia. Não tive como dizer não diante daquela delicadeza.
PASCOM - Como foi o seu período de formação?
Diác. Darci - Em agosto de 1994, sem lugar fixo, tivemos o início do nosso curso de formação geral e acadêmica em vista do diaconado. Primeira aula na cúria, depois no centro Vicentino, colégio da Divina Providência no Ahú, seminário São José e finalmente fixamos nossa formação/escola numa casa das irmãs claverianas próxima a rua Fernando de Noronha, na Barreirinha, com acomodações adequadas para as aulas e a necessária convivência entre os candidatos. Lá ingressávamos na sexta-feira à noite e saíamos no final da tarde do domingo, durante três anos e em um dos carnavais permanecemos confinados por 10 dias para dar conta da carga horária que nos foi imposta.
PASCOM - Quando foi ordenado?
Diác. Darci - Em 25 de janeiro de 1998, após mais de três anos de formação e já termos recebido as ordens menores do “Acolhitato e Leitorato” e enfrentado uma longa espera, uma celebração inesquecível na Catedral Metropolitana de Curitiba marcou a restauração em definitivo do diaconato permanente na Arquidiocese. Éramos 20 os eleitos, que das mãos de Dom Pedro Antonio M. Fedalto, recebemos o Sacramento da Ordem Diaconal. Foi de fato um evento marcante na história da Arquidiocese e de nossa vida!
PASCOM - Onde já exerceu o seu ministério?
Diác. Darci - Estou provisionado como diácono na Paróquia São José e Santa felicidade desde a minha ordenção por Decreto do Sr. Arcebispo, onde devo exercer meu ministério. Já assisti, na paróquia, a muitos casamentos; fiz uma boa quantidade de batizados e participei de pastorais. Da pastoral familiar fui coordenador do Setor por muitos anos, e com a equipe paroquial da pastoral, implantamos os encontros personalizados para noivos e os encontros de segunda união. Todavia, o ministério diaconal é mais amplo que isso e eu o exerço nas paróquias de Campo Magro, São Braz e da Ferraria. Celebrando a Palavra, assistindo a casamentos e batizando. Na Paróquia São José, coordeno o Estudo Bíblico há mais de 15 anos e na Paróquia São Braz há uns 5 ou 6 anos.
PASCOM - Quais são as suas funções?
Diác. Darci - O múnus diaconal envolve a liturgia, a celebração da Palavra e a caridade.
PASCOM - Como vê o diaconato?
Diác. Darci - Embora, inicialmente tenha sofrido rejeição por parte de muitos membros do clero, hoje é visto como necessário e de grande auxílio nas atividades paroquiais e diocesanas no que tange à evangelização e outras ações organizacionais. Era algo que estava faltando para plenificar a Igreja, veio para somar. O diácono não toma o lugar de ninguém, tem seu múnus e espaço. Falta exerçer integralmente suas funções. Cada vez mais a “Igreja em saída” vai depender do serviço de diáconos e leigos.
DIÁCONO LANDO KROETZ
Pai, avô, Professor e Diácono. Às vésperas de completar 50 anos de ministério diaconal, Lando Rogério Kroetz conversou com a Pastoral da Comunicação sobre a sua trajetória e a missão do Diácono Permanente na Igreja. Natural de Santa Catarina, foi ordenado na Paróquia Nossa Senhora das Vitórias, em Porto União (SC), diocese de Caçador, em 04 de abril de 1970.
PASCOM - Como surgiu a sua vocação diaconal e como o senhor veio de Santa Catarina para Curitiba?
Diác. Lando - Na época, circulou um ofício convocatório para procurar candidatos ao Diaconato Permanente, sugerido pelo Concílio Vaticano II. Então, um dos freis que atendiam a minha Paróquia, me convidou a seguir este ministério. Eu era um leigo atuante da Congregação Mariana e da Legião de Maria, e até vereador do município. Ele me convenceu a me lançar nesta aventura. Fui fazer o curso de diaconato na Escola de Diáconos Santo Estêvão, no Rio Grande do Sul. Viajava 18 horas de ônibus para chegar, durante três anos.
Após permanecer quatro anos em Caçador, o Bispo, que era professor, muito ligado ao ensino, fundou o Científico e a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras na Diocese. Para ser reconhecida pelo MEC, a Escola precisava de professores com os títulos de Mestre/Doutor. Para isto, o bispo me convocou para ir a Curitiba fazer o curso de mestrado. Então comecei a labuta profissional aqui em Curitiba, e acabei criando vínculos com a cidade. Na época surgiu a Faculdade de Ciências Humanas e Sociais de Curitiba, na qual fui Chefe de Departamento, Coordenador e Diretor. Fiz concurso na Universidade Federal do Paraná e fui aprovado. Então apresentei-me a Dom Pedro (então arcebispo), que me autorizou a atuar no ministério diaconal, até então, pouco conhecido na Arquidiocese. O diaconato tinha sido recém restaurado no Concílio Vaticano II, em 1964, e alguns bispos decidiram implantar nas suas dioceses.
PASCOM - E como foi o início da sua missão aqui na Arquidiocese?
Diác. Lando - Quando eu lecionava no Departamento de História na UFPR, tive um padre como aluno, na disciplina de História Contemporânea. Pela ênfase dada nas aulas sobre a História da Igreja, apresentou-se como Vigário Paroquial da Igreja Nossa Senhora de Guadalupe. Então ele me chamou para ministrar, na Paróquia, o Sacramento do Batismo. No Guadalupe, fazíamos em torno de 18, 20 batizados no domingo. O número foi crescendo a ponto de termos de 60 a 80 batizados por semana. Em um domingo, depois do Natal, cheguei a batizar 105 crianças, após dar uma tarde de formação para pais e padrinhos. Também tinham muitos casamentos. Num sábado atendi sete casamentos, um atrás do outro, até as 10h da noite.
Atuei lá até 1980, quando me mudei, com minha esposa, Neusa, para Santa Felicidade. Nessa época, já tínhamos sete filhos, que ocupavam grande parte do nosso tempo. O padre Maximiliano convocou-me para auxiliá-lo aqui na Paróquia. Depois, o Padre Ângelo revezava comigo no atendimento às capelas, ora no sábado, ora no domingo, na região onde hoje é território da Paróquia de Santa Margarida.
PASCOM - Como começou a se desenvolver o diaconato permanente aqui em Curitiba?
Diác. Lando - Foram passando os anos e eu fui escolhido numa eleição dos membros da CND (Comissão Nacional dos Diáconos), para participar como Secretário, na Diretoria. Estava me projetando no labor diaconal, e os bispos dando maior abertura e oportunidade em muitos espaços. Então comecei a participar, a nível nacional, em Brasília, de reuniões da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). Lá se encontrava D. Pedro representando o Regional Sul II. Foi uma surpresa encontrar-me respondendo sobre o diaconato, na esfera nacional. Então, na Arquidiocese de Curitiba, Dom Pedro e seus bispos auxiliares propuseram ao Conselho Presbiteral a criação de uma Escola Diaconal. Na Escola tivemos quatro turmas e 90 candidatos; desses, foram ordenados 70. Fui nomeado Diretor. Exerci também o cargo de presidente da Comissão Regional de Diáconos do Sul II, por 11 anos. Fiquei bem conhecido pelos Bispos do Paraná, pois estava sempre presente nas reuniões deste Regional, ao menos uma vez por ano. Também fui nomeado, em 1990, membro do Conselho representando o Brasil na Comissão Internacional de Diáconos (CID), durante oito anos. Isto possibilitou que a hierarquia abrisse um espaço proeminente de evangelização, que foi determinante para o desenvolvimento da Igreja, através do Diaconato.
PASCOM - Na sua visão, quais são os desafios do diaconato permanente?
Diác. Lando - O otimismo que se observa, em geral, é fruto do trabalho nas diversas regiões que foi se organizando; e o diaconato parece bastante promissor para os dias de hoje. Visando aumentar a consciência do múnus profético, real e sacerdotal do batizado, valorizando o leigo, urgiu formar novos pastores para acompanhar a missionaridade e o discipulado do rebanho de Cristo. Cada grau do clero: episcopal, presbiteral e diaconal; e dos leigos, com atribuições diferenciadas, são importantes para viver o Reino de Deus estabelecido por Jesus na jornada da Igreja. A restauração do diaconato, de uma forma geral, andou devagar (55 anos, após o Concílio), mas, de maneira profunda, está a consolidar-se no dia a dia, com o sopro do Espírito Santo, que é o protagonista da Missão.