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Pe. Luis Espinel, CS

Mês do Migrante: promotores da cultura do encontro!


O mês de junho é dedicado ao migrante. Na semana de 17 a 24 de junho, a Igreja no Brasil celebrará a 33ª Semana do Migrante; e no domingo, dia 24 de junho, o Dia Nacional do Migrante, que terá como lema: “A vida é feita de encontros: Braços abertos sem medo para acolher”. Este lema está em sintonia com a campanha mundial “Compartilhe a Viagem”, dedicada à sensibilização e à informação sobre imigração e refúgio.

O mês de junho inicia com a celebração festiva do fundador dos missionários de São Carlos - Scalabrinianos, o Bem-aventurado João Batista Scalabrini (1839-1905). No ano 1887, tocado e com essa visão de verdadeiro profeta, defensor dos direitos dos migrantes, diante da necessidade de tantos milhares de pessoas que tinham que ‘roubar, morrer ou emigrar’, cria nossa congregação que acompanha pelo mundo, no dia a dia, o fenômeno da mobilidade humana, migrantes refugiados e apátridas.

Façamos memória viva da cena que tocou e comoveu plenamente o coração de dom Scalabrini, na estação central Milão - Itália: “Há vários anos em Milão, fui espectador de uma cena que deixou no meu espírito, uma impressão de profunda tristeza. Passando pela estação, vi a vasta sala, os pórticos laterais e a praça adjacente invadidos por trezentos ou quatrocentos indivíduos, vestidos pobremente, divididos em diversos grupos. Nos seus rostos bronzeados pelo sol, marcados por rugas precoces que a privação costuma imprimir, aparecia o tumulto dos afetos que agitavam seus corações naquele momento. Eram velhos curvados pela idade e pelas fadigas, homens na flor da virilidade, mulheres que levavam após si ou carregavam ao colo suas crianças… Eram migrantes”.

Sabemos que a migração é uma realidade dinâmica, que toca todas as épocas, raças, culturas, continentes e países, em momentos e situações diversas, e, mesmo que a cultura egoísta e elitista a tente frear, criando políticas antimigratórias, muros e preconceitos, a migração é como a água: se for derramada ela avança, corre e passa, apesar dos obstáculos.

Não podemos nos esquecer de nossa história, pois todos somos ou temos sangue migrante, e de fato a Sagrada Escritura nos faz esse apelo:“Não oprimirás o estrangeiro: conheceis bem a vida de estrangeiro, porque fostes forasteiros no Egito” Ex 23, 9. E São Mateus, quando apresenta o juízo final: “tudo o que fizerdes a um destes meus irmãos, o tenho como feito a mim. Eu era migrante e tu me acolhestes” Mt. 25, 35. O mesmo Jesus foi migrante, saindo do seio do Pai para se encarnar no ventre de Maria, e, apenas nasceu, teve que fugir com José e Maria para o Egito, para salvar a sua vida da perseguição de Herodes.

O Papa Francisco, filho de imigrantes italianos, nos convida constantemente a que estejamos de braços abertos, para ‘acolher, proteger, promover e integrar’, todos os migrantes, como ele mesmo fala, “se os meus pais não tivessem sido ajudados quando chegaram à Argentina, hoje eu não seria o que sou”. Todos estamos convidados a abrir o nosso coração, os nossos braços, a nossa cabeça, para nos tornarmos promotores da cultura do encontro, onde se complementam e se potencializam as riquezas da diversidade no meio da universalidade. Não sejamos egoístas e indiferentes diante das ‘novas estações de Milão’, como a situação dramática da Venezuela e de tantas outras situações que nos interpelam, para que saibamos reconhecer e atuar, reconhecendo o rosto do mesmo Cristo Migrante em cada um dos nossos irmãos que vivenciam este drama. Que Maria, mãe dos migrantes, e o Bem-aventurado João Batista Scalabrini, pai dos migrantes, intercedam e nos motivem para trabalhar com, e pelos migrantes. E lembremos que, caminhando pela vida, somos todos estrangeiros, e que a nossa pátria definitiva é o Céu.


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